História do Garimpo em S.J.D.R.

O panorama do ouro no Brasil

O Brasil tem tradicionalmente ocupado uma posição de destaque na produção mundial de ouro. 

Durante o ciclo do ouro, entre 1700 e 1850, o Brasil foi o maior produtor mundial chegando a produzir 16 t anuais (Figura 1), provenientes principalmente de aluviões e outros depósitos superficiais explorados pelos Bandeirantes na região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.

Foi também nesta região que se instalou a primeira mina subterrânea do Brasil - Mina de Morro Velho - operada pela St John D'El Rey Mining Co. 

 Desde o início de sua operação em 1834, até hoje produziu 470 t. de ouro, representando aproximadamente 25% da produção brasileira acumulada no mesmo período (Vieira e Oliveira, 1988, Lobato et al., 2001).



As Betas de Ouro naquela localidade surgiram ao longo do século XVIII, como podemos ler nos relatos do viajante Eschwege, quando em São João del Rei esteve, em 1821: “No tempo das descobertas dessas lavras (leia-se Betas), o que se deu em 1740... (ESCHWEGE, apud GAIO, 1996, P.26 e 27) ”. 

 Assim, por se tratar de uma atividade de trezentos anos, o ouro se enraizou na vida e no cotidiano dos habitantes dessa cidade. E como se tornou uma tradição, foi se reinventando ao longo dos séculos.
O ouro (sempre muito abundante)extraído nas Betas da cidade, não ia todo embora; parte era transformada em jóias, peças de ornamentação de casas, estabelecimentos e igrejas, além, é claro, de tornar reluzente muitos altares.

Ele também era transformado em “coroa de dente”, além de ser utilizado para presentear alguns visitantes, provando assim que o metal era abundante.

Como escreveu Lobosque: “[...] era muito comum encontrar pessoas com ornamentos de OURO de nossas betas ou córregos! [...] O Estandarte que recebemos no Rio de Janeiro pela ocasião da Segunda Guerra Mundial, por intermédio da Mulher Sanjoanense, foi bordado com o OURO deste abençoado Rincão do Rio das Mortes; as Coroas de nossa Padroeira e de seu filho, foram artisticamente confeccionadas com o nosso OURO; datam de 1954 (LOBOSQUE, [19-?], p.12/17h)” Também já fôra prática comum sair às ruas da cidade que ainda eram descalças para...

“[...] faiscar belas Pepitas-de-Ouro após uma boa pancada de chuva; era até pitoresco ver várias pessoas fazendo a sua cata, uns com palitos outros carregando areia para levar em lugar de se poder batear; os tecidos felpudos eram usados nas enxurradas para deter o reluzente mais fino [...] era mais por tradição do que por interesse. (LOBOSQUE, [19-?], p.12/17h)”
Desta tradição, hoje restam as recordações dos mais velhos que em dias de chuva forte, brincam com seus netos e bisnetos: “vamos pescar ouro na enxurrada?”

As brincadeiras de criança ou até mesmo os trabalhos infantis(nas décadas de 1940/50), não eram o de vender jornal pelas ruas de São João Del Rei, mas sim faiscar ouro no entulho retirado das Betas.

 No livro de Viegas (Figura 2), encontramos uma fotografia chamada moradores em descanso, onde percebemos em meio aos adultos, trabalhadores mirins, cujas vestes não se diferenciam a não ser pelo tamanho.

Ser minerador era tradição que passava de pai para filho e até mesmo de mãe para filha, pois as mulheres também queriam parte das riquezas existentes no local, muitas vezes no quintal da própria casa.
Figura 2 - Mineradores em descanso. VIEGAS. P. 30 B

Era o que podemos chamar – a grosso modo - de uma versão mais bruta de “colher frutas e legumes para a alimentação familiar”.

Elas guardavam dentro do guarda roupas vidrinhos com “pó-de-ouro” e se orgulhavam em mostrá-los quando uma visita chegava.

Uma das principais atividades empregatícias dos anos 40 era a mineração, como escreveu Souza:

“atualmente cerca de 2.000 pessoas empregam sua atividade na indústria do ouro aqui, figurando nessa cifra proprietários de Betas e operários (SOUZA, 1956)”.
[1] Informações coletadas em documentos cedidos pela Biblioteca Municipal Baptista Caetano d’Almeida em São João Del Rei.  

Este blog tem como objetivo discorrer sobre recursos minerais, oriundos de propriedade privada, nominada Mina de Ouro Presidente Tancredo Neves, situada à Rua Severo Carazza (antiga Rua Bica da Prata), n.268/272, Bairro Centro – São João del Rei / MG – CEP: 36.300-000.
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